Quem já não se sentiu à beira de um ataque de nervos? Quando o stress aperta e tudo parece correr mal quem já não teve vontade de dar um berro, de discutir com alguém… mas depois a calma regressa e tudo não passou de um mau momento. Até aqui tudo bem! O problema surge quando isso se torna no dia-a-dia e nem nós, nem os outros à nossa volta entendem o motivo da nossa raiva, da nossa impulsividade e do humor em constante mudança.
É o que acontece a quem sofre de perturbação da personalidade borderline. Para o borderline quase tudo é instável: as suas relações, o seu humor, o seu pensamento, comportamento e até a sua identidade. É uma forma assustadora e dolorosa de viver. A maioria das relações amorosas é intensa, mas instável. Apaixonam-se rapidamente acreditando que cada nova pessoa é a tal e que irão finalmente sentir-se preenchidos, mas facilmente se desapontam. As relações ou são perfeitas ou são más, não há meio-termo. Tudo é preto ou branco. Quando a rutura surge, vem a desvalorização, a raiva e o ódio. Há um sentimento crónico de vazio e num extremo podem mesmo sentir que não são nada, nem ninguém. As suas emoções e o seu humor mudam constantemente vivendo episódios de tristeza extrema, raiva e ansiedade. Ao nível da identidade existe uma perturbação, fazendo com que umas vezes se sintam bem consigo próprios, e outras se odeiem. Por vezes, não têm uma ideia clara de quem são e do que querem para a sua vida. Mudam assim frequentemente de objetivos, de gostos, de emprego, de amigos e até de relações amorosas. No trabalho, o borderline pode funcionar bem (desde que o ambiente seja bem estruturado), mas outras vezes pode ser percecionado como “estranho” ou “excêntrico”. Pode ter tendência para se isolar e evitar o contacto com os colegas. Estes por seu lado, deverão evitar brincadeiras e usar o humor pois, facilmente serão alvo de má interpretação. Após algum tempo, quem convive de perto com uma pessoa com patologia borderline, irá aperceber-se que comportamentos imprevisíveis são muito comuns, nomeadamente explosões de raiva. Surgem normalmente sem aviso e de uma forma desproporcionada, sendo assustadoras e incompreensíveis. Como muitas vezes, a sua raiva não é fundamentada é inútil discutir pois só iria piorar a situação. É preferível tentar relaxar e permanecer calmo. Algo também extremamente frustrante para quem convive com um borderline, são os comportamentos impulsivos particularmente se forem auto-destrutivos. Principalmente quando estão zangados, têm tendência em envolver-se em comportamentos perigosos e impulsivos nomeadamente, gastar mais dinheiro do que têm, recorrer a drogas ou álcool, conduzir de forma imprudente, praticar sexo sem proteção, etc.. Poderão também surgir pensamentos e comportamentos suicidas. A perturbação da personalidade borderline é uma patologia que traz muito sofrimento ao próprio, aos seus familiares e amigos e não deve ser de todo negligenciada. Muitas vezes, ainda hoje, estas pessoas são “rotuladas” de mimadas, embirrentas, caprichosas quando no fundo, sofrem tanto por dentro. Divulguem esta doença!
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Magda Gabriel Arquivos
April 2020
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